Quinta-feira, 4 de Março de 2004
Eugénio de Castro e Almeida nasceu em Coimbra no dia 4 de março de 1869. Por volta de 1889 formou-se em Letras pela Faculdade de Coimbra e mais tarde veio a lecionar nessa faculdade. Colaborou com a publicação das revistas "Os insubmissos" e "Boémia nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês. Em 1890 entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas "Oaristos", marco inicial do Simbolismo em Portugal. Faleceu em 1944 no dia 17 de agosto.
A obra de Eugénio de Castro pode ser dividida em duas fases: Na primeira fase ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX, Eugénio de Castro definiu algumas características da Escola Simbolista, como por exemplo o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.
Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
EPÍGRAFO
Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente e Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...